Cálcio pode acelerar o Metabolismo?

03/08/2014 10:15

INFLUÊNCIAS DO CÁLCIO NO EMAGRECIMENTO:

CÁLCIO NO EMAGRECIMENTO

 

UMA REVISÃO

 

 Diversos trabalhos têm investigado o auxílio do cálcio na prevenção e tratamento da obesidade. Muitos dados defendem que o cálcio da dieta pode modular o metabolismo lipídico dos adipócitos e a divisão de energia entre tecido adiposo e massa magra, resultando em um significativo efeito “anti obesidade”. No entanto, alguns estudos não demonstraram significativa relação entre o consumo de cálcio e perda de peso. Foram selecionados quinze artigos com o objetivo de revisar os dados epidemiológicos e ensaios clínicos sobre a relação entre a ingestão do cálcio na dieta com o controle do peso corporal. Embora nem todos os estudos tenham encontrado os mesmos resultados, existem sim benefícios do cálcio dietético na redução e aceleração da perda de peso e gordura corporal, com efeitos mais evidentes com a ingestão de produtos lácteos como fonte de cálcio. Contudo, ainda faltam estudos que esclareçam melhor os efeitos do cálcio no emagrecimento e como isto acontece no organismo.

 

METABOLISMO DO CÁLCIO E VITAMINA D

 

As vitaminas D são um grupo de esteroides que exercem funções similares às dos hormônios, a molécula ativa 1,25-(OH)2-D liga-se às proteínas receptoras intracelulares e uma das suas ações mais importantes é a regulação dos níveis plasmáticos de cálcio. A1,25-(OH)2-D é o mais potente metabólito da vitamina D e sua formação é essencialmente regulada pelos níveis plasmáticos de íons fosfato e cálcio. A função geral da1,25-(OH)2-D na manutenção de níveis plasmáticos adequados de cálcio é o aumento da absorção intestinal, minimizando a perda de cálcio pelo rim e estimulando a reabsorção óssea (CHAMPE; RICHARD; FERRIER, 2009).

 

A modulação da adiposidade pelo cálcio da dieta é mediado a partir da 1,25-(OH)2-D que regula o fluxo de cálcio no adipócito. Um dos mecanismos de ação do cálcio na adiposidade seria que sua baixa ingestão aumenta os níveis séricos de calcitriol (1,25-(OH)2-D), o que pode estimular o influxo de cálcio dos adipócitos por um receptor da vitamina D na membrana. Este aumento dos níveis de cálcio intracelular poderia promover a lipogênese e inibir a lipólise, aumentando a síntese de ácidos graxos e inibindo a lipase hormônio sensível cuja função é degradar triglicerídeos em ácidos graxos livres (TORRES et al., 2010).

CÁLCIO NO EMAGRECIMENTO

O metabolismo lipídico dos adipócitos pelo cálcio intracelular fornece a peça chave para a modulação da adiposidade, pois, tanto o hormônio da paratireoide (PTH) e 1,25-(OH)2-D estimulam o rápido aumento do cálcio intracelular, sendo que a supressão desses hormônios causados pelo aumento do cálcio da dieta facilita a divisão de energia, oxidação de lipídios e efeito termogênico (ZEMEL, 2000).

 

Esta relação foi demonstrada pois a 1,25-(OH)2-D é um potente mediador do metabolismo lipídico dos adipócitos humanos exercendo um estímulo coordenado de lipogênese e inibição da lipólise, resultando em aumento de triglicérides dos adipócitos e da massa de tecido adiposo, como consequência a supressão de 1,25-(OH)2-D com a dieta alta em cálcio seria acelerada para reduzir cálcio intracelular dos adipócitos, diminuir lipogênese e aumentar lipólise, exercendo assim um efeito anti-obesidade em humanos e modelos experimentais (ZEMEL et al., 2004).

 

O consumo de cálcio melhora o estado da vitamina D , aumentando a lipólise no adipócito, aumentando a oxidação lipídica e o efeito térmico de uma refeição no músculo e tecido hepático, através da supressão de PTH e 1,25(OH)2D (TEEGARDEN, 2005).

Este conceito foi confirmado quando camundongos colocados em dietas pobres em cálcio (0,4%) e ricas em gordura e sacarose, durante seis semanas, tiveram aumento da lipogênese, inibição da lipólise e aumento de peso e tecido adiposo corporal. No entanto, nos camundongos com cálcio na dieta a 1,2%, a lipogênese foi reduzida em 51% e lipólise estimulada de três a cinco vezes, resultando em reduções de 26 a 39% do peso corporal e tecido adiposo, sendo que as fontes lácteas de cálcio exerceram efeitos significativamente maiores que os suplementos de cálcio carbonatado (ZEMEL, 2003).

CÁLCIO NO EMAGRECIMENTO

Produtos lácteos possuem outros componentes, além do cálcio, que são supostamente benéficas para alterar o equilíbrio energético. Um exemplo é a composição de aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), principalmente a leucina que têm um efeito positivo na síntese proteica que pode ocasionar uma redistribuição de energia de massa gorda em massa magra, onde o consumo da proteína de soro de leite (whey protein), em comparação com a carne vermelha em uma dieta com alto teor de gordura em ratos reduziu o ganho de peso em 4%, demonstrando que a composição da proteína do soro promove um balanço positivo de energia (TEEGARDEN, 2005).

 

Uma consideração importante é o efeito direto do consumo dos níveis adequados de laticínios sobre o apetite, pois tais produtos parecem aumentar a saciedade induzida pela proteína, sugerindo que pessoas que consomem níveis recomendados de laticínios adquirem uma melhor eficiência metabólica, resultando em uma maior oxidação de gordura onde o consumo adicional de energia não resultará em ganho de peso e gordura em comparação com indivíduos que consomem baixos níveis de produtos lácteos (ZEMEL et al., 2008).

 

 

Alta ingestão de cálcio na dieta parece aumentar a excreção de gordura fecal sendo que o cálcio oriundo de fontes lácteas pode ter mais impacto do que o cálcio suplementado (SCHRAGER, 2005).

O cálcio desempenha um pequeno, mas significativo papel na luta contra a obesidade, principalmente na redução e aceleração da perda de peso e gordura corporal durante restrição calórica, embora alguns estudos descritos nesta revisão não terem encontrado essa relação, por diferentes métodos.

 

Na forma de suplemento, o cálcio não demonstrou ser tão eficaz quanto os produtos de origem láctea, assim como a suplementação de vitamina D sozinha ou em conjunto com cálcio não demonstrou efeito adicional sobre o controle de peso e a composição corporal. As fontes lácteas de cálcio são especialmente mais eficazes que os suplementos na redução do peso e gordura corporal e também demonstraram melhor conservação de massa magra durante a perda e manutenção de peso.

 

Em relação a excreção de gordura, o cálcio da dieta demonstrou um papel importante, sendo relevante para a prevenção de ganho de peso com seu efeito mais pronunciado em indivíduos com baixo consumo de cálcio habitual.

 

Deste modo, se as recomendações de ingestão de cálcio forem atendidas com o consumo de três a quatro porções de laticínios diariamente, o controle do peso corporal e a incidência de sobrepeso e obesidade podem ser diminuídas, revelando a importância da orientação para o consumo destes alimentos.

 

Os dados escontrados nesta revisão sugerem que os produtos lácteos como fonte de cálcio, são ótimos auxiliares nas dietas de perda e manutenção de peso, contudo, os mecanismos de ação do cálcio no controle do peso ainda não parecem estar totalmente elucidados, sendo necessários novos estudos neste sentido.

 

Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Os Números da Obesidade no Brasil: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/ Secretaria de Vigilância em Saúde/Departamento de Análise de Situação de Saúde, 2009.

CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A.; FERRIER, D. R. Bioquímica ilustrada. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, p. 386-389, 2009.

 

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